Disciplina: Seminário Integrado – Profª. Paula Severo
ESBOÇO DE ARTIGO
1 DEFINIÇÃO DO TEMA
O tema da pesquisa refere-se à
especificação da área de interesse e/ou do assunto escolhido para ser estudado
pelo pesquisador e/ou pela pesquisadora e “pode surgir de uma dificuldade
prática enfrentada pelo pesquisador, da sua curiosidade científica, de desafios
encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria autoria”. (PRODANOV,
FREITAS, 2009, p. 134). Assim, na sua escolha, é importante ter presente
algumas questões que ajudarão a manter a motivação, a determinação e as
possibilidades necessárias à construção de um trabalho de pesquisa com
qualidade. Deslandes (2007), por exemplo, com base em Santos (2004), sugere
três questões a serem feitas inicialmente quando da escolha do tema:
- O tema é motivador e do seu interesse?
- É relevante social e academicamente?
- Há disponibilidade de fontes de pesquisa?
Já em Eco (2009), encontram-se quatro
regras básicas a serem levadas em conta quando da escolha do assunto e da
definição do tema. Embora algumas delas, estarem muito próximas das questões
destacadas por Deslandes (2007), vale a pena destacá-las por mostrarem-se mais
voltadas a exprimir uma interrogação quanto à escolha do tema/assunto que
parece se manter viva à medida em que o projeto de pesquisa é construído e
delineado.
A primeira refere-se à motivação/interesses
do próprio pesquisador e da pesquisadora: - “Que o tema responda aos
interesses do candidato (ligado ao tipo de exame quanto às suas leituras, sua
atitude política, cultural ou religiosa).” A segunda refere-se à acessibilidade
das fontes, isto é, as fontes a serem consultadas necessitam estarem
disponíveis materialmente ao alcance do pesquisador e da pesquisadora. A esta,
acrescenta-se uma terceira: o manejo das fontes, isto é, que as fontes
“estejam ao alcance cultural” do pesquisador e da pesquisadora. Por fim, há a
necessidade de se pensar também “que o quadro metodológico da pesquisa
esteja ao alcance da experiência do candidato” (ECO, 2009, p. 6).
Na sua redação, evitando que o tema
seja apenas indicado por uma frase, procura-se descrever sobre quem, em que
contexto e de ângulo o tema/assunto será pesquisado. Este exercício de redação e raciocínio, segundo Máttar Neto (2002, p.
143), “acabam demonstrando o que está claro e o que ainda está confuso em
relação ao tema, servindo, assim, para auxiliar no processo de delimitação”.
2 JUSTIFICATIVA
Na justificativa procura-se responder por que foi
escolhido o tema a ser pesquisado e qual é relevância acadêmica e social do
estudo a ser empreendido. Ou seja, explicitam-se as motivações (relativas à
importância social e acadêmica do tema e também decorrentes do interesse
pessoal) que fundamentam o trabalho de pesquisa proposto.
A justificativa acadêmica e social situa-se no
campo da possibilidade de contribuição quanto aos seguintes aspectos:
“a) caracterização do nível de conhecimento e da
produção acumulada na temática, indicando aí suas lacunas;
b) do potencial para ampliar o conhecimento
disponível;
c) de promessa de avanço metodológico;
d) da importância social do problema” (DESLANDES,
2007, p. 46).
Já a justificativa de ordem pessoal procura situar
o problema de investigação na perspectiva da trajetória profissional, de
pesquisa e de leitura do(a) autor(a) da investigação proposta.
Quanto a sua elaboração, convém destacar que esta
“difere da revisão da bibliografia e, por esse motivo, não apresenta citações
de outros autores.” (PRODANOV; FREITAS, 2009, p. 135).
3 PROBLEMA
Consiste na explicitação da dúvida e/ou da
dificuldade para a qual se quer encontrar uma resposta. A colocação clara,
objetiva, compreensível do problema numa frase, “de preferência em forma
interrogativa e delimitado com indicação de variáveis que intervêm no estudo de
possíveis relações entre si” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 159), facilita em
muito a construção da(s) hipótese(s) e/ou da(s) questão(ões) de pesquisa que
orientarão a resolução do problema levantado.
Para a formulação de um problema original (novidade,
outro enfoque), viável (tempo, custos), adequado (alcance) e relevante
(pessoal, acadêmica e socialmente) (ECO, 2000; RUDIO, 2000; LAKATOS;
MARCONI, 1991, PRODANOV; FREITAS, 2009), o apoio de revisões bibliográficas,
torna-se fundamental.
A revisão bibliográfica permite o mapeamento de
questões já abordadas e estas, na medida em que forem confrontadas com as
próprias questões de pesquisa formuladas provisoriamente, favorece a reorientação
destas a partir do estudo do tratamento que outros estudiosos deram a
problemas semelhantes. Para Deslandes (2007), apoiado em estudos de Laville e
Dionne (1999, p. 41), “este exercício permite ao pesquisador não só delimitar o
seu problema, mas constituir a sua problemática de estudo, isto é,
contextualizar o seu problema em relação àquele campo temático de conhecimento”.
4 HPÓTESES ou QUESTÕES DE PESQUISA
A hipótese, com conceitos claros, específica, sem
se basear em valores morais e com base numa teoria que a sustente, consiste
numa resposta provável, suposta e provisória ao problema formulado. É a
tentativa de “oferecer uma solução possível mediante uma proposição, ou seja,
uma expressão verbal suscetível de ser declarada verdadeira ou falsa” (GIL,
2002, p. 31). Assim, ela é construída no “diálogo que se estabelece entre o
olhar criativo do pesquisador, o conhecimento existente e a realidade a ser
investigada” (DESLANDES, 2007, p. 43) e “a principal resposta é denominada de
hipótese básica, podendo ser complementada por outras, que recebem a
denominação de secundárias.” (PRODANOV; FREITAS, 2009, p. 136).
Embora não haja regras determinadas para a
elaboração de hipóteses, é necessário que as mesmas sejam formuladas no sentido
de servirem de “guia na tarefa de investigação” (LAKATOS; MARCONI, 1991, p.
161).
O modo mais comum de formular uma hipótese,
incluindo aí já a correlação de variáveis, é “se x, então y”.
Vale destacar que em estudos de natureza
científica que não comportam a formulação de hipóteses, sugere-se a indicação
de um conjunto de questões de pesquisa que também podem servir como guia de
orientação ao estudo que se pretende.
5 OBJETIVOS
Segundo Andrade (1998, p. 120), os objetivos
consistem em “esclarecer o que se pretende, quais os resultados que se deseja
obter com a pesquisa”. Em outras palavras, o objetivo diz respeito ao fim
último que se quer alcançar com o estudo.
Na sua redação, sugere-se o verbo no infinitivo (indicador de ação investigativa) e os mesmos, geralmente vêm
subdivididos em geral e específicos. Prodanov e Freitas (2009) referem uma
variedade de exemplos de verbos de ação em relação ao tipo de objetivo que se
pretende em relação à pesquisa (de conhecimento, de compreensão, de aplicação,
de análise, de síntese e ou de avaliação).
O objetivo geral com dimensões mais amplas,
“diz respeito ao conhecimento que o estudo proporcionará em relação ao objeto”
(DESLANDES, 2007, p. 45). Neste sentido ele possui estreita relação com o
problema de pesquisa e à(s) hipótese(s).
Já os objetivos específicos referem-se às
ações necessárias para melhor atingir-se o objetivo geral da pesquisa.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho
científico. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1998.
DESLANDES, Suely Ferreira. O projeto de pesquisa como exercício
científico e artesanato intelectual. In: MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.).
Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 25. ed. Petrópolis:
Vozes, 2007. p. 31-60.
ECO, Umberto. Como se faz uma tese. 22. ed. São Paulo:
Perspectiva, 2009.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de
Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
MÁTTAR NETO, João Augusto. Metodologia Científica na era da
informática. São Paulo: Saraiva, 2002.
PRODANOV, Cleber Cristiano; FREITAS, Ernani César. Metodologia
do trabalho científico: Métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho
acadêmico. Novo Hamburgo: Feevale, 2009.
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